A Sentinela do Deserto, um sonho a 6 mil metros

Rally dos Sertões, uma experiência a alcancede todos...

 
 

INQUIQUE

Era para ser uma viagem de alguns poucos amigos, mas o apelo de voar em um dos melhores lugares do Mundo para a prática de parapente surpreendentemente transformou nossa trip em uma GRANDE expedição de vôo pelos ares do Chile e Deserto do Atacama:

Expedição Windtech nos Ares do Deserto do Atacama Chile.

Quatro, cinco, seis pessoas? Não nosso grupo foi crescendo e quando fui ver chegamos aos 27 integrantes de nossa expedição. O que veremos nessas entrelinhas é uma viagem movidas de sonhos, paisagens fantásticas onde numa mesma viagem podemos estar cercado por grandes geleiras e derrepente no meio das dunas do deserto mais seco do Mundo, o Atacama. Uma viagem não só movida pelo esporte, mas por cultura, história, conhecimento e como é possível viver em harmonia
mesmo tendo um grupo tão heterogêneo.

Foto galera reunida com bandeira

Falando do grupo, vale também enfatizar sobre ele. Integrantes de voadores de vários points do Rio de Janeiro e até de São Paulo: São Conrado, Rio Rural, Aladim, Itaguaí, Japeri, Nova Iguaçu, Piraí, Barra Mansa, Volta Redonda, Resende e até um paulista no meio do grupo, muito acostumado a voar em Atibaia/SP. Além disso uma mistura de classes econômicas contendo integrantes que já moraram até em favelas, e no outro lado da "corda" empresários e endinheirados que desfilam com carros de quase meio milhão. Como reunir tudo isso? Com simplicidade, mas ao mesmo tempo com conforto, com um precinho baratinho que cabe no bolso de todos, e principalmente, todos dividindo a paixão de voar, prontos para passar mais de uma semana vivendo e respirando sobre o vôo livre.

City tour em Santiago

Nosso ponto de partida foi o Rio de Janeiro e o primeiro destino a
capital do Chile, Santiago. A alegria dentro do vôo de um pouco mais de 3 horas era contagiante e para muitos, era a primeira vez que andavam de avião e ou saiam do país. Chegando no aeroporto fomos todos em um ônibus de linha que parava bem perto do nosso hotel. Aquele "mundaréu" de pessoas com mochilas gigantes pelas ruas caminhando para o hotel, deixou muitos chilenos curiosos, mas foram somente 10 minutos de caminhada.

No mesmo dia saímos para fazer o City Tour de Santiago e como nosso hotel gozava de uma boa localização saímos caminhando em direção as avenidas do centro de Santiago até chegar ao Palácio Presidencial de La Moneda, passando pela Praça Maior coração da cidade e subimos o Cerro Santa Lúcia para ver os 7 milhões de habitantes da capital encravada sobre a Cordilheira dos Andes.

Foto Praça La Moneda

Ainda sobrou tempo para as compras e presentes no Centro de Artesanatos e um role pelo charmoso e pulsante bairro da  Providência com a noite encerrando no Shopping Parque Arauco.

Valle Nevado


Dia seguinte a programação continuou intensa. Bem cedo saímos em vans com destino ao Vale Nevado. De uma altitude média de 600 metros depois de cerca de 70 quilômetros de muitos e desfiladeiros e curvas de provocar arrepios, mas ao mesmo tempo um cenário admirável chegamos ao Valle Nevado, a principal estação de Ski do Chile. Para mim, acostumado a viajar pelo Mundo todo, um dos momentos mais marcantes da viagem foi ver a reação daqueles que viam a neve e uma paisagem tão diferente e fascinante pela primeira vez: "Caramba, isso é neve de verdade!!! – diz Marcos Santana – industrial . "Isso é um sonho, nunca pensei em sair do meu país e ainda mais ver uma paisagem dessa, ver neve!!! " – Ary Ribeiro – professor. "Depois de velho, 58 anos estou vendo neve!!! Isso é lindo!!!" – diz o funcionário público aposentado Nilson Tavares.

Foto Hugo bicho Brabo



Foto boneco de Gelo



Foto skiando



Guerrinha de neve, mensagens para a família escrita no gelo,construção de bonecos de neve, muitas fotos e para um grupo a opção de alugar e skis e snowboards para a prática do esporte, as risadas com os tombos foram inevitáveis, mas tiveram aqueles que mostraram habilidade  também na neve.

De volta a Santiago, sobrou tempo para conhecer o "café com piernas" uma curiosa tradição do centro da cidade onde muitos cafés tem como suas atendentes bonitas "ticas" servindo café somente de biquínis e adoçando as bebidas dos clientes com pedrinhas de açúcar ou adoçante retirados perto dos seus bustos. Para as mulheres dos voadores que ficaram em casa, podem ficar tranqüilas que é somente uma tradição e os locais não funcionam como prostíbulos.

Vinho e voando em Santiago

O terceiro dia de nossa viagem foi reservado pela manhã para
conhecer uma vinícola de um dos melhores vinhos produzidos nas
Américas e a tarde a experiência do primeiro vôo internacional de quase todos os integrantes da nossa expedição.

Foto Vinicula

Santiago tem várias opções de vôos e rampas. Escolhemos a rampa de Huechuraba, a qual é possível chegar de metrô e ônibus de linha.

Para os alunos do parapente um campo escola espetacular e para os mais experientes opção de vôo de lift e termal. Chegamos ao fim com um grande sorriso nos rostos e muitas experiências da primeira parte de nossa viagem. Nesse mesmo dia pegamos o vôo de cerca de 1 hora e 45 minutos até a cidade de Iquique, Norte do Chile.

Foto Voo Huechuberaba

O Paraíso do Vôo Livre

As primeiras impressões não poderiam ser de forma mais sugestível, ou seja, do alto!!! O Airbus se aproximando pelo Oceano Pacífico tem a sua frente montanhas de areia de cor es amareladas e aralanjadas num cenário inóspito e onde a homogeneidade da paisagem impera. É claro que a primeira coisa que vem na cabeça de um voador, é não estar dentro de um avião, mas sim como deve ser voar de parapente em cima de um deserto, onde há todas as condições para a formação das térmicas (bolhas de ar quente que impulsionam os parapentes para cima). O avião pousa numa pista de asfalto entre dunas e o semblante do nosso grupo é quase de perplexidade, pela paisagem antagônica que acabara de ver nos dias anteriores.

Iquique tem cerca de 200 mil habitantes e sua atividade econômica é movida pela mineração e pela Zona Franca, onde é possível encontrar preços interessantes de eletrônicos, eletrodoméstico e roupas. Mais é uma surpresa é quando chegamos no nosso hotel, um centro de vôo livre com toda infra-estrutura (aluguel de equipamentos, vans 4x4, manutenção de equipos) feito de velhos containers totalmente reformados e com um capricho sem igual. O ambiente do hotel é servido de lavanderia, cozinha comunitária, área comum que serve para integrar voadores de todas as partes do Mundo que chegam a cidade.

Foto Altazor

Em Iquique as condições são quase que inacreditáveis: vento sempre de frente na rampa, não chove, e raramente o céu está nublado. Não resta outra opção a não ser voar quantas dias e quantas vezes quiser nesse paraíso do vôo.

Quarto dia de viagem, todos acordam cedo apreensivos para voar no deserto. Subimos com o próprio micro ônibus de nosso centro de vôo, mas também é possível subir para a rampa com ônibus de linha com uma "mixaria"de pesos chilenos (cerca de R$ 2,00) e de forma rápida. São cerca de 12 quilômetros até a rampa que tem um pouco mais de 400 metros de altura. Uma gigantesca falésia de várias quilômetros que debruça em cima da cidade e tendo ao fundo a visão do Oceano Pacífico.

A bandeira Chilena funciona como a biruta e a área de decolagem permite o "despegue" de mais de 10 parapentes juntos. O vôo é um "luxo", termo - dinâmico onde é possível pegar térmicas de 3 m/s até cerca de 9 m/s no verão, mas por isso escolhemos o inverno quando o vôo é mais calmo e apropriado para alunos. O vento constante o que permite voar por vários quilômetros da falésia encostado no "lift". O único cuidado é não perder muita altitude perto da falésia, para não pousar muito longe do hotel, mas de toda forma, pouso não falta por todas as partes.

Foto Voo

Existem também possibilidades de vôos mais longos, pousando em praias mais no Centro da Cidade.

Depois do vôo o sentimento é de leveza, o objetivo cumprido de voar num lugar tão diferente, e os músculos e celebro anestesiado com uma sensação que só quem voa sabe traduzir (Deus nos deu o dom de ser anjos vivos, só que voa que pode ver o que vemos de cima - diz Eliude). Mas também o corpo pede comida, e essa também foi uma das horas bem legais de nossa viagem, a integração do grupo. Teve dias que rolou churrasco, dias que a opção foi a macarronada, e outros arroz com feijão (item difícil aqui no Chile). E tudo também ajudou para reduzir ainda mais nosso orçamento, pois nós mesmo fazíamos nossas compras e cozinhávamos.

Foto galera na cozinha

Decolando do Chão...

Quinto dia, todos acordam com um alvoroço, a frase que ronda nosso hotel e acorda alguns que ainda estão dormindo é "hoje vai dar Palo Buque". Palo Buque é um dos lugares mais fantásticos e surreal que já voei situado a 8 quilômetros ao Sul do nosso hotel. É possível decolar do chão sem ausência de nenhuma rampa, quase ao nível do mar e subir  mais 1.100 metros de altura quando se encosta numa pequena duna e depois na grande falésia, e tudo isso com a ajuda de muitas térmicas. Do alto é possível ver aquela mesma paisagem vista da janela do avião quando chegamos, mas só que agora sentindo o vento na cara. Uma sensação de êxtase e contemplação daquela imensidão da natureza traduzida pelo azul do Oceano Pacífico e contrastando com as areias do Deserto.



Cross no Deserto

Ainda existe uma terceira opção de vôo para aqueles que são amantes do Cross, ou seja, vôos de distância. Parte do nosso grupo pode testar essa sensação de percorrer quilômetros tendo o Deserto do Atacama aos seus pés. Com uma estrutura toda montada pelo experiente Phlip Marty suíço que fundou o centro de vôo de Iquique, com muitas dicas e aulas de cartografia local, seguimos 60 quilômetros para o Sul, e o  objetivo era chegar voando na cidade de Iquique...cerca de 70 quilômetros de distância. Existem vôos já realizados nas proximidades de mais de 200 quilômetros e com certa facilidade de progressão.

Foto galera na decolagem

Para alguns uma semana de experiência no Chile, para outros que puderam aproveitar mais, dez dias, mas para todos uma certeza, essa é uma daquelas viagens que nunca mais sairá da lembrança. Digo sempre que conseguimos fazer valer nossa existência quando eternizamos bons momentos de nossa vida, e volto com a certeza que ajudei a eternizar momentos de 27 pessoas, 27 voadores, 27 muitos deles pais de famílias
que tem no vôo o encontro do seu próprio eu.

E o que é melhor, uma opção barata de muita curtição. O gasto
médio de cada membro do grupo incluindo passagem aérea (parcelada em 5 vezes), transfers, hotéis, comida, passeio do Valle Nevado...ficou entre R$ 1500,00 a R$ 2.000,00 parcelados.

Documentos para a Viagem

- Passaporte ou Carteira de Identidade com menos de 10 anos de
uso. Carteira de Habilitação e Carteira de Identidade Profissionais não são válidas no Chile.

- Maio a Julho – vôo mais "fraco", ideal para alunos e pode-se unir a opção do ski no Valle Nevado

- Setembro a Dezembro – vôo com térmicas mais fortes ideal para
fazer cross.

- Novatos: recomenda-se experiência pelo menos de 08 meses
de vôo em diversas condições. Em Iquique é preciso saber decolar bem invertido, voar em vento forte e as vezes o vôo é turbulento. Mas normalmente o vôo é tranqüilo.

– comprar com antecedência para Santiago para conseguir
melhores tarifas.

- Não comprar o trecho interno Santiago – Iquique – Santiago no
Brasil, caríssimo.

- O limite de bagagem é de 23 kg. Cuidado para não extrapolar o
peso pois é cobrado taxa extra por quilo adicional. A dica é dividir o peso da mochila do parapente (levar também roupas na mochila do parapente) com a bagagem de mão "carregada". Seguir as dicas de roupas e o que levar do organizador.

Para os desavisados, levar drogas na bagagem aérea é crime
internacional inafiançável. Não transforme sua viagem numa droga. Seja louco pelo esporte, e não louco pelas drogas.

- recomenda-se fazer o seguro internacional de saúde. O vôo livre é uma atividade de risco, e vale lembrar que estaremos em outro país.

www.segurodeviagem.com.br

Real x Peso Chileno – Dólar

R$ 1,00 – vale cerca de $ 284,00 pesos chilenos. Recomenda-se trocar o real para o dólar no Brasil, para não perder muito na taxa de câmbio Chileno. Levar se possível cartão de crédito internacional, melhor que converter as moedas.

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