PACÍFICO AO ATLÂNTICO
SOBRE DUAS RODAS

Sentir o vento no rosto,o sol esquentando
a nossa pele. Parar a qualquer momento para contemplar cada detalhe
da natureza. Ao fim do dia quando a luz já está quase
incipiente, escolher o lugar mais bonito, montar a barraquinha e descansar
da jornada. No dia seguinte o ciclo se repete,é claro, com uma
boa dose de esforço e suor, mas recompensado por um visual único
e indescritível, principalmente porque nosso cenário é
uma das regiões mais belas do Mundo, a Patagônia.
Já há algum tempo viajo pelo Mundo, apesar de ser formado
em engenharia civil, me auto intitulo engenheiro de aventuras,realizando
expedições que interagem natureza,cultura e esporte, contando
é claro com uma boa dose de aventura. Estou escalando a maior
montanha de cada continente, o Projeto Os Sete Picos do Mundo,sendo
que este ano faço minha quinta montanha. Mas minha paixão
pela bicicleta é antiga. Já obtive alguns bons resultados
no mountain bike carioca e até uma sétima colocação
no Campeonato Brasileiro. Diria que faço parte da tribo!!!
Ao longo do tempo, fui desenhando um sonho, sair do PAcífico,
cruzar toda a América do Sul e chegar no Oceano Atlântico.
Fizemos os quase 2 mil quilômetros totalmente subsistentes, sem
a presença de nenhuma equipe ou carro de apoio. Desde o saco
de dormir, barraca, comida, fogareiro, roupas...tudo, foi transportado
sobre 2 rodas..
O que "embala" o contexto desta história, é
que nós três somos "marinheiros de primeira viagem",nunca
havíamos feito uma viagem tão longa de bike e que envolvesse
uma logística mais complexa.
Clayton Conservani (36) é repórter da Rede Globo especialista
em cobrir esportes radicais e expedições. Nos acompanhou
os 8 primeiros dias.
Silvio Oliveira (25) é advogado, trabalha de terno e gravata
no Fórum do Rio de Janeiro. Como atividades físicas rema
no Botafogo e corre para manter a forma. Queria provar que qualquer
pessoa normal pode fazer uma grande aventura, " basta querer,ter
atitude" - diz ele.
Eu, Guilherme Rocha (29)
Pesquisamos, conversamos com pessoas experientes e conseguimos fazer
uma viagem praticamente sem erros de planejamento. A essência
foi levar equipamentos muito leves e estritamente necessários,que
pudessem suprir todas as nossas necessidades. É claro que começamos
por uma boa bicicleta.
Já conhecia alguns trechos da Patagônia e escolhi o nosso
percurso a dedo. Saímos da pinguineira Puñihuil, na Ilha
Chiloé. Nos primeiros quilômetros a dificuldade foi adaptar-se
aos alforges (mochila própria para a bicicleta) que muda totalmente
o centro de gravidade e alterando o equilíbrio. Minha bicicleta
e a bagagem somavam mais de 50 kg, mas todo o esforço foi bem
compensado pelo visual paradisíaco das praias do Pacífico.
Para buscar uma melhor sintonia com a natureza, preferimos as estradas
vicinais,de terra. Passamos por Ancud, ainda na Ilha Chiloé e
no continente por Puerto Montt até chegarmos a região
dos 7 LAgos Patagônicos,um verdadeiro colírio para os olhos.
No lado chileno comemos maçãs do pé e acampamos
as margens do lago Llanquihue e do Lago Rupanco, show!!! Para entrar
no continente argentino,era necessário vencer a barreira natural
que separa os dois países, a Cordilheira dos Andes. Foram quase
35 km de subida até que depois de uma deliciosa descida chegamos
em Vila Angostura, no Parque Nacional de Nahuel Huapi. Resolvemos alterar
um pouco o cronograma e seguir um peque no trecho de balsa no lago Nahuel
Huapi até chegar na Ilha Vitória. Como valeu a pena,foi
um dos lugares mais bonitos que já vi!!!
Em Bariloche deixamos a região dos lagos e também despedimos
do Clayton, até aqui estávamos 8 dias pedalando. Daí
em diante, entramos rumo ao desconhecido, um deserto Patagônico
sendo necessário quase 700 km para cortá-lo, é
a Rota 23. Um terreno arenoso, muito vento, com escassez de água,
quase desabitado, sendo que chegamos a passar um dia inteiro sem ver
um ser humano. Mas com uma beleza singular,além de ser a ligação
para a conclusão do nosso objetivo, o Oceano Atlântico.
A chegada foi no Bauneário de Las Grutas, onde fizemos o ritual
da "misturação". Num potinho de filme fotográfico,
adereçados com
olhinhos,boca,boné, cabelo e tudo, carregamos a água do
Pacífico. Foi o nosso amuleto (seu nome é JAcobino) durante
toda a viagem. Silvio jogou a água do Pacífico e completou
o "Jacobino" com a água do Atlântico, simbolizando
nossa vitória.
Antes de concluirmos nossa viagem em Bahia Blanca, ainda fomos para
a Península Valdez, tomabada pelo Patrimônio de Humanidade
por sua rica fauna marinha e terrestre.Vimos Baleias, Zorros (espécie
de coiote), Lhamas, Emas, Lobos Marinhos...
Bem, estou me empolgando!!! Fica uma certeza:
nao há melhor meio de transporte de conhecer o Mundo,o Cicloturismo
é indescritível. Acho que ele me contagiou demais, pois
agora estou na Bolívia realizando outra viagem envolvendo a bicicleta,mas
isto é uma outra história...

A Expedição
Pacífico ao Atlântico tem o patrocínio:
CALOI
POWERBAR
INDUSTRIAS NUCLEARES DO BRASIL
Apoio:
OSKLEN
TRIBO DOS PÉS
CURTLO / CORDURA
TAM
PREFEITURA DE RESENDE
UMA LOGÍSTICA 100% BRASIELIRA
Para passarmos quase um mês pedalando e carregando toda as nossas
necessidades sobre duas rodas, é evidente que a leveza e funcionalidade
de cada elemento tem que ser amplamente considerados, favorecendo uma
boa performance. Como são poucos itens, vou citar cada um deles
para vocês terem uma noção.
- 1 Tênis e uma Sandália Tribo dos Pés. O tênis
da Tribo dos Pés, além de ser leve e muito resistente,
é feito de neoprene, garantindo o calor. Já a sandália,
é conforto garantido para os momentos mais quentes.
- 1 Calça / Bermuda Osklen - funcionalidade em alto estilo.
- 3 Camisas Dry lite Osklen - o tecido garante uma fácil evaporação
do suor, e rapidez na secagem.
- 2 Blusas de Polartec / Suplex Snow Pro Osklen. Calor com leveza.
- Anorak Osklen - proteção a chuva, vento e frio.
Outros itens do vestuário:
1 calça de lycra, 2 bermudas de lycra, blusa/calça underwear,
4 meias, 4 cuecas, luva e gorro. Lycra desenvolvida pela Du Pont
- Bike Caloi Elite Pro 27 Velocidades com freio a disco - leveza e
resistência equipada com uma suspensão de 90cm de curso
permitindo uma postura mais verticalizada na bicicleta. A bike Caloi
é totalmente original de fábrica.
- Complementos alimentar Powerbar - uma excelente dose de carboidratos,
proteínas e vitaminas nos momentos mais difíceis, e todos
os itens com uma absorção prática e muito leves.
Além destes itens ainda constam em nossa bagagem:
1 canivete suiço, kit de manutenção da bike, kit
primeiros socorros, saco de dormir, 1/2 isolante térmico, isqueiro,
fogareiro, panela, talheres, lanterna, sinalizador noturno e algum suprimento
de comida calculado para 3 dias de autonomia.
Tudo isto acondicionado em 2 Alforges Curtlo / Cordura (mochilas) fixadas
na garupa da bike com 35 litros de capacidade cada, totalizando mais
ou menos 15kg.
Estatística
Dias: 24
Distancia total:1891 km
Dist máxima / dia = 157 km (ultimo dia)
Veloc máxima = 81 km/h (Gui)
MElhor velocidade média = 31 km/h (ultimo dia)
Maior Jornada Diária = 14 horas
Temp mais alta = 34 C
Temp mais baixa = -4 C
Peneus furados= perdi a conta!!!
Correntes quebradas = 2 quebras
Roteiro

Puñihuil, Ancud (estas
duas na Ilha Chiloé), Puerto Montt, Llanquihue, Frutillar, Porto
Octay, Entre Lagos (estas na regiao dos 7 LAgos - Chile), Vila Angostura,
Bariloche (estas na regiao dos 7 LAgos - Argentina), Rota 23 (várias
cidades pequenininhas, PERITO MORENO, PILKAENIYIU, COMALLO, CLEMENTE
ONELY, ENGENHEIRO JACOBACCI, MACHINCHAO, AGUARDA DE GUERRA, MIN RAMOS
MEIXIER, SIERRA COLORADO NHAUEL NIYEU, VALCHETA) - Las Grutas - Puerto
Mandryn, Peninsula Valdez e Bahia Blanca (todas na argentina)
|