A Sentinela do Deserto, um sonho a 6 mil metros

Rally dos Sertões, uma experiência a alcancede todos...

 
 

NO CORAÇÃO DO DESERTO DO ATACAMA

Como você imagina ser um deserto? Mas, imagine um verdadeiro deserto, o deserto mais árido do mundo. Por acaso você pensou em camelos, uma imensidão de dunas, miragens e pessoas com turbantes, certo? Até que existe alguma semelhança quando falamos do Deserto do Atacama, mas somente ligeiras semelhanças.Na verdade não existem camelos e sim integrantes da família dos camelídeos (lhamas, vicunhas, guanacos). Dunas? Até existem, mas em alguns poucos locais isolados. Miragens? Pelas temperaturas que pudemos sentir na pele, não é difícil de acreditar. Porém, pessoas com turbantes, com certeza você não achará.

O Atacama nos revelou ser uma imensidão que esconde paisagens extremas e repletas de contrastes, formas e relevos: picos nevados, piscinas naturais de águas ferventes, vulcões ativos, imensos desertos, salinas e por incrível que pareça lagoas e oásis. Muitas vezes era difícil acreditar que estávamos realmente em um deserto, mesmo porque nossas referências eram de paisagens desoladoras onde a homogeneidade impera, além de termos gravado no subconsciente que num deserto não há água. Este foi nosso paradoxo.

A base para uma infinidade de roteiros turísticos no deserto é a cidade de San Pedro de Atacama. Passamos dois dias conhecendo suas redondezas e sempre com a visão do Vulcão Licancabur nos perseguindo a qualquer instante e lugar que íamos.

A cidade de San Pedro de Atacama, um oásis a 2.400m acima do mar e situado aos pés da Cordilheira de Sal, tem quase 2,5mil habitantes, possui suas casas construídas de adobe - um tijolo grande de cor marrom feito de terra e distribuídas, no máximo, em dez quarteirões. Esbanja charme e cultura em suas ruas de terra. Possui agências de viagens, hotéis, mercadinhos, lojas de aluguel de bikes e pranchas de sand board, correio, internet café e turistas borbulhando nas ruas. As ruelas cheias de lojinhas de artesanatos são um paraíso para quem gosta de comprar produtos atacamenhos como tapetes, colares, roupas de lhama e intermináveis esculturas e instrumentos musicais em miniatura, retratando toda a cultura que aflora na região. A noite também merece destaque: em seus vários bares e principais ruas circulam pessoas de todo o mundo. A animação é garantida.

No primeiro dia, conhecemos a cidade com nossas próprias bikes, visitamos o Museu Arqueológico Gustave Le Peige, a Igreja de San Pedro de Atacama e vimos o espetacular por do sol na Pukara Quitor. O museu explica a evolução dos povos que habitaram a região, desde o domínio inca sobre os atacamenhos até a colonização espanhola que dizimou qualquer cultura existente anterior e apresenta múmias bem preservadas pelo clima extremamente seco.

Igreja de San Pedro de Atacama

A Igreja do século XVI, com portas e janelas construídas de madeira de cactus, está localizada em frente ao museu e foi o local onde se rezou, no idioma atacamenho e espanhol, a primeira missa na cidade.

Pukara de Quitor, com restos de uma fortaleza atacamenha e localizada no alto de um morro na Cordilheira de Sal, possui um monumento em homenagem ao povo inca dizimado pelos espanhóis que deceparam as cabeças dos chefes indígenas como demonstração máxima de poder. Coincidentemente, na mesma área que os atacamenhos foram atacados pelos Incas 100 anos antes. A vista do Vale da Morte e o sentimento traduzido pela frase esculpida na torre: Ó Deus, por que me abandonastes... foram tão impressionantes que resolvemos retornar na Pukara de Quitor, de bike, no outro dia pela manhã e refazer a trilha íngreme e coberta de areia e cascalho, só para descermos um down hill bem emocionante e difícil por causa das curvas fechadas, ladeiras e vários degraus no caminho.

De bike em Portico

No segundo dia de exploração no deserto e após a volta a Pukara de Quitor, fizemos sand board nas enormes dunas do Vale da Morte, onde a terra avermelhada se confundia com a formação de um cânion e seus desfiladeiros e dunas, formando cenários lunares que, segundo os historiadores, era o local onde os doentes eram deixados para morrer em paz.

Vale da Morte

Houve uma competição calorosa e disputadíssima de quem surfava, em cima das pranchas, o maior percurso na duna e após muita discussão, o Fábio oficialmente ganhou, apesar de eu ter ultrapassado a distância (mas após a rodada do campeonato e com uma descida a mais).

Sandboard no Vale da Morte

No final do dia todos estavam "quebrados" mas, tivemos fôlego para presenciar o maravilhoso por do sol no Vale da Lua, a 14Km de San Pedro, também na Cordilheira do Sal. O Vale da Lua oferece uma espetacular visão dos picos andinos, vales, canyons e dunas que mais lembram a superfície lunar de cores diferentes e de novo nos faz pensar que este lugar é mágico e nos intriga pela beleza esquecida e preservada pela natureza.

Vale da Lua



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• Créditos das Fotos:
Vale da Lua - Fábio Fontana
Sand Board - Fábio Fontana
Vale da Morte - Guilherme Rocha
Igreja San Pedro - Silvio Oliveira
Bike Portico - Guilherme Rocha

Como Chegar em San Pedro de Atacama - Chile:

1- Carro:

Distâncias

· São Paulo a Foz do Iguaçu – 1.024Km

· Foz do Iguaçu a San Pedro do Atacama – 2.915Km

Estradas:

· São Paulo a Foz do Iguaçu – Rod. Castello Branco (SP280), BR 369 (passa por Londrina e Cascavel) e BR 277 até Foz do Iguaçu

· Foz de Iguaçu a Corrientes Ar – Ruta 12

· Corrientes a Salta – Ruta 16 até Rio Piedras e Ruta 09 até Salta Ar.

· Salta a San Antonio de Los Cobres Ar– Ruta 51

· San Antonio de Los Cobre a Susques – estrada sem nome.

· Susques a Paso de Jama – Ruta 16

· Paso de Jama a San Pedro de Atacama Ch – Ruta 27

· San Pedro de Atacama a Calama Ch– Ruta 23

· Calama a Quillagua Ch - Ruta 25 e 05 (Rodovia Panamericana – sentido norte do Chile)

Obs.: Há uma outra alternativa que passa pelo Paso de Sico ao invés do Paso de Jama, mas a primeira possui salares, passa por uma altitude de 4.200m e paisagens mais charmosas, apesar da estrada ser um pouco pior (se estiver com um veículo 4x4 pode ir sossegado)

2- Avião:

São Paulo a Santiago – a partir de US$ 572,00 (+US$ 62,00 taxa de embarque) pela TAM, Varig, Lan Chile ou Aerolinas Argentinas.

Santiago a Calama – a partir de US$ 468,00 pela Lan Chiles

Obs.: de Calama a San Pedro de Atacama - saem ônibus da rodoviária, regularmente. ( a partir de R$5,50 e com duração de 1:30hs aproximadamente)

3- Ônibus:

É possível também ir de ônibus até Foz do Iguaçu, atravessar a fronteira da Argentina (vá de táxi, pois é muito barato) e em Eldorado seguir para Resistencia, depois Salta até chegar em San Pedro ( este último trecho, o ônibus leva por volta de 14horas com preços a partir de R$ 130,00....é preciso tempo e paciência.

Ou você pode pegar um ônibus até Santiago no Chile (e de lá siga para San Pedro (23horas) ou Calama (25horas e preço a partir de R$75,00) .

Dicas

Polícia

Infelizmente constatamos a fama da polícia Argentina e suas propinas salgadas. Neste país, a legislação exige que os carros andem com dois triângulos, cabo de aço e seguro internacional do carro. Mas sempre inventam alguma forma de tirar dinheiro de você. Negocie e procure pagar o menos possível

* Já no Chile caso você faça alguma besteira, não tente subornar.

Veículos nas Altitudes

Acima de 4.000m de altitude, não só sofremos com a falta de oxigênio (dores de cabeça e dificuldade de respiração) como os carros também. Os carros como dependem da combustão, têm uma performance mais lenta, e devido à diferença de pressão os freios hidráulicos tendem a falhar.

O combustível no Chile é um pouco pior, em termos de qualidade, que no Brasil, então isto também diminuirá o consumo de seu carro.

Documentação:

Argentina – carteira de identidade ou passaporte,

· Para os Veículos – carteira de motorista nacional, seguro internacional, autorização de condução no consulado argentino caso o veículo for alienado

Chile – carteira de identidade ou passaporte,

· Para os Veículos – carteira de motorista nacional, autorização no consulado chileno caso o veículo for alienado. Se você estiver com a carteira internacional de motorista, ajuda muito em casos de acidente.

Câmbio

Na maioria dos lugares, não se aceita moedas em dólar ou notas de cinco ou um dólar, então ao fazer o câmbio, peça sempre notas acima de dez dólares.

· Argentina: R$ 1,00 é equivalente a 1,00 peso argentino

· Chile: R$ 1,00 é equivalente a Ch$200,00 pesos chilenos

Trânsito

No Chile, quando você deparar-se com uma placa escrito PARE, pare imediatamente e completamente seu carro, senão pode levar uma bela de uma multa e não adianta chorar, espernear ou tentar subornar o guarda, pois é falta gravíssima.

Quando um guarda te parar na estrada, pare ao lado dele e não no acostamento, como fazemos no Brasil. Só saia de lá quando ele o permitir.

Planejamento:

Faça um planejamento completo com todos os materiais, equipamentos, custos, dicas de quem já foi, muitos mapas e guias, telefones úteis e de emergência, refeições em restaurantes e até as comidas feitas por conta própria, locais com postos de combustível, condições das estradas, exigências de cada país, xerox de todos os documentos, locais de câmbio de dinheiro, roupas e sapatos apropriados, pois com isto, você terá muito mais tranqüilidade durante a sua viagem e no final vai sentir que valeu a pena.

Não pode faltar também...

Não deixe de levar GPS, Galão de combustível, pá para tirar seu carro de algum atoleiro e lanterna.

Água Vale Ouro

Leve muita água de estoque para os desertos, pois você pode ficar “em maus lençóis” se acabar no meio do caminho ou ter que pagar uma fortuna por ela. Lá, água vale ouro!

Nós estocamos 125L de água, nos racks dos carros, para 20dias e foi a medida certa para 6 pessoas.

Alimentos:

Não é permitido entrar com alguns tipos de alimentos no Chile (frutas, verduras, carnes, grãos, mel entre outros)

A Expedição Desertos teve o patrocínio:

Caloi
Osklen
Goodyear
Tribo dos Pés

Apoio:

AM4 – a internet de resultados
Timex
IDG

Abraços do tamanho do Deserto do Atacama

Guilherme Rocha

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