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Expedição Litoral Nordeste
Os Vários “Brasis” de nosso País

Murici, guajuru, buriti, cupuaçu e até mesmo a nossa acerola, nome mais comum aos nossos ouvidos, indicam para aqueles que vivem na região Sudeste que estamos em outro Brasil. Mas não somente a diversidade de frutas exóticas comprovam este perfil diferente do país, mas o sotaque do povo, as diversas manifestações culturais e as paisagens que em alguns pontos mais lembram um deserto.

Ouvir uma mistura de ritmos do som nordestino do Grupo Caçuá de Alagoas, ouvir o privilégio da milésima apresentação consecutiva do Bolero de Ravel, tocado por Jurandir do Sax, e acabar na beira da praia com o som dos versos dos repentistas foram a prova da personalidade marcante de um nordeste de grandiosa cultura.

Formada por uma mistura de raças traduzidas pelas mulheres rendeiras, pelo menino maranhense que escala o coqueiro, pelos índios Potiguaras de Baia da Traição, pelos moradores do antigo Quilombo de Pixaim, que de tão isolados sequer sabem quem é o presidente do Brasil, e outros representantes, a variedade étnica consegue conviver em harmonia em um só local.

Foram 70 dias de expedição, 12.000 quilômetros percorridos e a satisfação de encontrar cenários diversificados e paradisíacos, gente boa e agradável comprova mais uma certeza: não há lugar melhor no Mundo que o Brasil.

Nossa aventura pelo Nordeste brasileiro começou em São Luis do Maranhão e rasgou todo o litoral até a lindíssima Salvador. Nosso objetivo foi explorar as belezas, a rica cultura do povo, a natureza exuberante desta porção do Brasil, tendo como interlocutor o esporte. Abordo de nosso jeep Land Rover o guia de montanha Fábio Guedes, o jornalista Silvio Oliveira e eu tínhamos à nossa disposição um grande caiaque oceânico, um bote inflável, pranchas, pára-quedas e a nossa principal “vedete” , a bike dupla, conhecida por Tandem, um super protótipo.

No Mundo das Areias

Histórias são muitas e elas começam no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Explicar com palavras ou fotos o que é este lugar realmente é uma tarefa difícil, melhor mesmo é estar lá. A porta de entrada para os Lençóis é a cidade de Barreirinhas/MA, distante 280 km da capital São Luis. Além das diversas lagoas (Lagoa da Esperança, Bonita, Azul e do Peixe) inclusas nos roteiros turísticos mais comuns feitas pelos tradicionais “toyoteiros” , fomos desvendar um oásis perdido no meio dos Lençóis, onde vive a comunidade de Queimada dos Britos.

Chegar até lá foi uma verdadeira aventura. A primeira precaução foi baixar a calibragem (15 libras) do pneu do nosso 4x4, já que um bom trecho foi feito em terreno totalmente arenoso. O guia nos Lençóis é quase que fundamental pois perder-se é muito fácil. Foram cerca de 100 km dirigindo o veículo, sempre tracionado, e muitas vezes dentro de rios com água ultrapassando o capô, até chegarmos em um ponto onde só foi possível continuarmos a pé.

Daí em diante, foram mais quatro horas e meia caminhando em um “mundo de areia”. A semelhança com um deserto, pelo menos no ponto de vista visual é tamanha. Segundo estudos, as grandes dunas são originadas das areias do Deserto do Saara, na África, que percorrem milhares de quilômetros até se depositarem no Maranhão.

Destas dunas avistamos o impressionante oásis, onde doze famílias vivem da pesca (para chegar no mar, basta 1 hora de caminhada) e da criação de pequenos animais (cabras, galinhas, patos, porcos e etc...). A única forma de informação é o radinho de pilha, quando se tem dinheiro para comprá-la..

Hospedados como convidados na pequena cabana feita de folha de Buriti ( árvore semelhante a um coqueiro), Fábio e eu comermos peixe frito, arroz e farinha de mandioca. Logo em seguida, tivemos um animado papo com os moradores.

Por que morar em um lugar tão afastado? Aldo Correia, o chefe da família, respondeu: “Tranqüilidade, não precisamos de grades, polícia e aqui não existe roubo . Nossos filhos podem brincar soltos e sem preocupação e nossa obrigação é trabalhar para o sustento e nossa satisfação é ser feliz!!! Precisa mais?” .

Voltando a Barreirinhas, dirigimos mais 40 km pela praia até chegar a Caburé, onde localiza-se os Pequenos Lençóis, um colírio para nossos olhos. Por estradas praticamente inexistentes, passamos pelo Delta do Parnaíba, na cidade de Cajueiro da Praia /PI e “ancoramos”por alguns dias em Jericoacoara no Ceará, considerada umas das cinco praias mais bonitas do Mundo. Nas dunas de Jeri, praticamos o sand board (surf de areia).

 

GUILHERME ROCHA é patrocinado:
INDÚSTRIAS NUCLEARES DO BRASIL
CALOI
TRIBO DOS PÉS
OSKLEN

E teve o apoio:
Governo da Bahia
Governo do Piauí

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