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Expedição
Litoral Nordeste De Tandem pelas praias de três Estados
Quem literalmente ditava nosso ritmo era a maré, pois só é possível pedalar quando está baixa. Pedalar, pedalar e pedalar. O sol castigava muito o nosso corpo e bastava uma paradinha rápida para nos jogarmos na água, renovando o ânimo para mais outros tantos quilômetros. Para aqueles que pensam que a paisagem fica monótona e cada quilômetro não tem nada mais do que areia e ondas do mar, estão inteiramente enganados. Na verdade, para os mais observadores, não existe nada mais interessante do que passar por praias desertas ouvindo o barulho das ondas e do vento batendo nos coqueiros, passar por praias povoadas vendo o movimento dos pescadores trazendo o pão de cada dia e por fim passar pelas capitais dividindo o espaço com o movimento frenético do vai vem de pessoas e banhistas. Cada quilômetro uma nova surpresa, um novo desafio. Ora pedalando, ora atravessando rios com a bike nas costas, ora empurrando na areia fofa e até mesmo pedalando “peladões”. A experiência de pedalarmos juntos na bike dupla (Tandem) permitiu aproveitarmos melhor cada momento, pois cada um tinha seu ponto de vista que era compartilhado juntamente. Com certeza, o ponto marcante da Expedição Litoral Nordeste foi pedalar pelas praias do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco. O esforço intenso foi recompensado em cada um dos 300 quilômetros. O ponto de partida foi na Praia da Pipa, RN, onde tivemos a imensa satisfação de percorrer quilômetros de praias lindíssimas e totalmente desertas, muitas delas pontos de desova de tartarugas marinhas. No primeiro dia, pedalamos pelas as falésias e praias. O grande agravante foi a maré desfavorável que deixou uma faixa muito curta de areia fofa e em alguns trechos foi inevitável empurrar a bike dupla.
Logo no início do segundo dia, atravessamos, com a bike nas costas, um rio que separa o Rio Grande do Norte da Paraíba, para após pedalarmos muitos quilômetros sem encontrar uma "alma viva", o que nos transmitia uma sensação de uma paz de espírito tamanha. Depois de quase 100 km desde a praia da Pipa, chegamos num trecho próximo a cidade da Baia da Traição e para nossa salvação a areia ficou bem mais dura e fácil de se pedalar. As picadas das centenas de mosquitos foram nosso principal motivo de uma grande aceleração, ultrapassamos a velocidade superior a 30 km/h e assim nos livrarmos deles!!
Passamos a praia do Coqueirinho ( 7Km após a Baia da Traição) , uma obra da natureza e pedalamos mais 15Km até chegarmos, com um luar fantástico, na Barra do Rio Miririm. Mas o cenário inspirador do anoitecer escondia o que vinha pela frente...Além do temporal que desabou e encharcou a barraca, todos os mosquitos do mundo resolveram nos picar, desprezando qualquer tela ou roupa ou saco de dormir que usávamos para nos proteger destas “praguinhas miseráveis” Infelizmente, no dia seguinte, o tempo não melhorou até o entardecer. Deixamos a cidade de João Pessoa e seguimos em direção da Ponta do Seixas, ponto mais oriental do país e das Américas. Para não sairmos de nosso objetivo traçado que era partir do RN, cortar a Paraíba e chegar em Pernambuco sempre pelas areias, tivemos que encarar uma barreira bem atípica: somente seria possível pedalar se seguíssemos as regras de uma praia em especial: a Praia de Nudismo de Tambaba/PB onde era preciso estar inteiramente nu, ou melhor, peladão. Foi a primeira vez que todos nós pedalamos do jeito que viemos ao Mundo... Mas mesmo assim, valeu a pena tirarmos as roupas para vermos a praia, mais um dos cartões postais de nosso Brasil. Para nós, foi uma “taxa” simbólica para apreciar tanta beleza. Terminamos os 300 Km de pedal com a Bike Dupla Caloi perto da Praia de Tambaba, divisa da Paraíba com Pernambuco.
GUILHERME ROCHA é patrocinado:
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