A Sentinela do Deserto, um sonho a 6 mil metros

Rally dos Sertões, uma experiência a alcancede todos...

 
 

DE BIKE ATÉ A CIDADE MAIS ÁRIDA DO MUNDO

Depois de tantas andanças e esportes praticado no deserto, chegou a hora do um dos desafios mais expressivo da Expedição Desertos: sair de San Pedro de Atacama e seguir até a cidade mais seca do mundo, segundo o Guiness Book, onde o índice pluviométrico registrado é nada menos do que 0,5 mm de precipitação anual.

Neste dia, houve uma divisão e seguimos (Pat Linger, Silvio Oliveira e eu) de bike para a cidade de Quillagua no Chile. Munidos com barraca, sacos de dormir, isolante térmico, muita água, roupa e comida para três dias acondicionados nos alforges partimos para o primeiro obstáculo - vencer a Cordilheira do Sal. Enquanto isso, Fábio Fontana e Albert Jr. nos encontrariam com os carros ao final da travessia.

Rumo a Quillagua

Mas, logo no início do trajeto, enfrentamos subidas bem íngremes e quando a temperatura atingiu os 47graus, a Patrícia passou mal por causa do calor. Também não é por menos, atravessamos a Cordilheira do Sal em 35 Km interruptos de subida neste clima infernal, realmente típico de um deserto. Após um bom descanso, um macarrão milagroso e bastante líquido ela melhorou e continuamos a pedalada noite afora. Quando chegamos de madrugada na cidade de Calama, com 105 mil habitantes, os termômetros registravam quatro graus, ou seja, uma característica marcante do deserto, a amplitude térmica. Cansados, dormimos que nem anjos para continuar a jornada no outro dia.

Após descobrirmos que estávamos bem próximos do litoral do Oceano Pacífico, resolvemos "dar uma passadinha" e conhecê-lo de perto. E qual foi a surpresa ao chegarmos lá? Encontramos a não muito atrativa cidade de Tocopilla,de 25 mil habitantes dominada por uma fábrica de energia termoelétrica que serve a mina de Chuquicamata (a maior mina de Cobre a céu aberto do Mundo). O que é notável que mesmo no litoral, a cidade ainda mantém a aridez e pouquíssima vegetação.

Chuquicamata

Continuamos a pedalada no percurso inicial traçado e passamos pela região marcada pela presença de petroglifos, sinais feitos em pedras encontradas no caminho, além dos geoglifos, enormes desenhos feitos nas montanhas na beira da estrada. São lembranças pré-colombianas, algumas datadas 500 a 1.000 ac enquanto outras datam de 1.100 a 153 dc.

Chegamos na cidade de Quillagua depois de quase 300 km de pedal, e qual foi nossa nova surpresa? A cidade mais seca do mundo fica dentro de um oásis, repleta de paisagem verdes contrastando com o cinzento desértico. Nos perguntamos como isto era possível de acontecer!!!

Quillagua

Após muita desconfiança e gargalhadas, descobrimos que se tratava mesmo da cidade que menos chovia no mundo. O rio Loa, que cruza a cidade, é o único que chega ao mar e também é o mais extenso de todo Chile, banhando muitos povoados no caminho. Mas engana-se quem acha que o rio serve a população com água limpa. A contaminação de arsênio o impede que qualquer animal ou plantação seja beneficiado por suas águas.

Passamos o dia conversando com a população para descobrir qual era a fonte de renda e o meio de vida deste município. Descobrimos que a pouca água que alimenta a cidade vem de caminhão, duas vezes por dia. Por incrível que pareça, com a inexistência de chuva há mais de 40 anos a cidade está fadada à morte. Os mais jovens deixaram a cidade por causa da falta de emprego e somente sobraram alguns adultos que insistem em ficar.

E as surpresas não param por aí, fomos a fundo saber desta história da cidade mais seca do Mundo. Em Quillagua existe uma estação meteorológica, construída dentro das normas internacionais, que mede a pluviosidade, temperatura e umidade. Depois que verificamos o livro de registros podemos constatar que a cidade mais seca do Mundo bateu novo recorde: em 2003 simplesmente não choveu uma gota, ou seja, índice 0,0 mm / ano.

Antes de sairmos da cidade, demos uma volta e visitamos o museu. Existem várias múmias de centenas de anos conservada pela aridez do local. Segundo a administradora do museu, bem perto dali, existe um cemitério onde pode-se encontrar facilmente uma grande quantidade de múmias a céu aberto.

Vale dos Meteoritos

Meteorito

É em lugares como este que passamos valorizar mais a riqueza hídrica exuberante do Brasil, constatando que água vale ouro, constatando que onde não tem água, não há vida.


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Abraços do tamanho do Deserto do Atacama

Guilherme Rocha

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