| Quando 
                                      o português Diego Cão e seus 
                                      homens chegaram, em l482-3, a desembocadura 
                                      do rio Zaire (Nzade ou Nzare, “rio 
                                      que engole os outros”) e desembarcaram 
                                      no porto africano de Mpinda, o manikongo 
                                      Nzinga Kuwu, sétimo de sua dinastia, 
                                      reinava inconteste sobre uma região 
                                      tão grande como uma quarto da França 
                                      atual. O reino teria sido fundado pelo seu 
                                      ancestral Ntinu-Wene, chefe Kikongo que, 
                                      chegado do norte, atravessou o grande rio 
                                      e conquistou a cheferia ambundu, junto ao 
                                      rio Zaire. Os sucessivos manikongos aumentaram 
                                      seus territórios com conquistas militares.Manikongo: 
                                      Autoridade máxima desta pirâmide 
                                      política, não transmitia hereditariamente 
                                      o seu poder. Nos primeiros tempos, todo 
                                      descendente masculino do fundador da dinastia 
                                      podia pretender o trono, quando de uma sucessão. 
                                      A escolha era efetuada por um colégio 
                                      eleitoral de nobres, mas em geral, era a 
                                      força das armas que decidia a quem 
                                      caberia o poder.   O título 
                                      de manikongo possuía caráter 
                                      sacro: o seu detentor, cometendo incesto 
                                      com uma irmã, perdia seus direito 
                                      de família. Alcançava, assim, 
                                      uma situação que lhe permitia 
                                      governar, sem favorecimento, todas as famílias. 
                                      No reino do Kongo, a cidade desempenhava 
                                      um importante papel social e econômico. Dela partiam as principais caravanas envolvidas 
                                      no comércio do ferro e do sal, dois 
                                      produtos determinantes na economia do reino. 
                                      O ferro, abundante em diversos pontos da 
                                      região principalmente no maciço 
                                      de Bangu e o sal vinha das salinas de Mpinda 
                                      e do extremo sul do reino. O nzimbo, uma 
                                      espécie de caramujo, era a moeda 
                                      de circulação nacional usada 
                                      nestas trocas. A pesca do caramujo, realizada 
                                      apenas nas águas da ilha de Luanda, 
                                      era um monopólio real.  O Primeiro 
                                      Manikongo que entrou em contato com os portugueses 
                                      converteu-se ao cristianismo, mas voltou, 
                                      logo, à religião da terra. 
                                      Trata-se de conversão político-diplomática, 
                                      que não prosperou devido à 
                                      debilidade da aliança política 
                                      inicial. (Foi um de seus filhos que assumiu 
                                      o nome cristão de Afonso (l505-l543), 
                                      que dirigiu a evangelização 
                                      do Kongo). Apoiado pelos católicos 
                                      e portugueses, contra seu meio-irmão, 
                                      Mpanzu e Kitima, pagão antiportuguês, 
                                      Afonso terminou vencendo a disputa pelo 
                                      título de manikongo, ajudado, segundo 
                                      a tradição, por um exército 
                                      de soldados católicos celestiais.     |