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                                      Sentido da conversão e da vitória 
                                      de Afonso, pai do primeiro Bispo negro da 
                                      África, poderia ser interpretado 
                                      como um político progressista? Cooperação 
                                      tecnológica do ocidente? Estaria 
                                      impressionado com o desenvolvimento dos 
                                      portugueses? O certo ninguém sabe. 
                                      Afonso mandou jovens nobres para os bancos 
                                      escolares de Portugal e pediu missionários, 
                                      artesãos e professores. Em troca, 
                                      recebeu ávidos traficantes interessados 
                                      apenas no comercio de escravos. A realeza 
                                      mandava em tudo. Anteriormente, os prisioneiros 
                                      de guerra eram mortos, soltos ou incorporados 
                                      às comunidades vencedoras sob formas 
                                      de servidão familiar. Em nenhum caso 
                                      podemos definir estas formas de servidão 
                                      como relações escravistas, 
                                      mesmo patriarcais. Em gera, os cativos eram 
                                      incorporados às famílias extensas 
                                      africanas. A partir deste momento, tornavam-se 
                                      membros inferiores das comunidades familiares 
                                      e eram submetidos a um grau de exploração 
                                      superior ao normal vigente. Após 
                                      esta inserção só podiam 
                                      ser vendidos como cativos se praticassem 
                                      algum delito grave. Em duas ou três 
                                      gerações seus descendentes 
                                      eram absolvidos pela comunidade onde vivia 
                                      como cidadão livre. Com a chegada 
                                      dos portugueses fazendo o trafico negreiro 
                                      a realidade mudou, as guerras passaram a 
                                      ser estimuladas, pois enriquecia cada vez 
                                      mais os manikongo.  As relações 
                                      entre Portugal e o reino do Kongo eram, 
                                      obviamente um jogo de cartas marcadas. Os 
                                      portugueses não se submeteram ao 
                                      minikongo que exigia o monopólio 
                                      do tráfico, ao contrário, 
                                      procuraram competir com o senhor negro e 
                                      finalmente dominar o comércio de 
                                      homens na costa. Nos primeiros tempos, os 
                                      comerciantes europeus aliaram-se com os 
                                      negreiros portugueses da ilha de São 
                                      Tomé. Devido à estratégica 
                                      posição da ilha e aos direito 
                                      cedidos pela coroa portuguesa, os comerciantes 
                                      apropriavam-se quando as naves ali aportavam, 
                                      de parte do benefício do comércio 
                                      negreiro do Kongo. Afonso propôs um 
                                      contato direto entre ele e o rei de Portugal, 
                                      queria dividir entre ele e o soberano português, 
                                      os lucros do tráfico. Porém 
                                      as instruções que o Rei de 
                                      Portugal D. Manuel dava aos missionários 
                                      e aos professores e demais profissionais 
                                      enviados ao Kongo, eram claras, ajudem no 
                                      comércio de cobre, marfim e principalmente 
                                      escravos. Os portugueses que estavam no 
                                      Kongo a serviço do rei de Portugal, 
                                      não respeitaram a autoridade do Manikongo 
                                      Afonso, pediam dinheiro, compravam mulheres, 
                                      orgias, até o Padre Perro Fernandez 
                                      que tinha a missão de evangelizar 
                                      recebeu a visita de uma mulher em sua casa, 
                                      meses depois era pai de um menino mestiço. 
                                      As distorções causadas pelo 
                                      tráfico de homens foram imensas na 
                                      África. O envolvimento dos negros 
                                      africanos no tráfico negreiro era 
                                      inevitável. Entre os principais produtos 
                                      introduzidos pelos comerciantes europeus 
                                      no continente estavam as armas de fogo e 
                                      a pólvora. Um senhor africano, se 
                                      quisesse manter seu poder e não ser 
                                      escravizado tinha que possuí-las, 
                                      para se defender. E só era possível 
                                      conseguir armas e pólvora através 
                                      do comércio negreiro. Em l575, o 
                                      minikongo e o governador de Mata organizaram 
                                      as primeiras brigadas permanentes de arcabuzeiros 
                                      do reino do Kongo. Logo, todos os senhores 
                                      da costa puderam obter as desejadas armas 
                                      Afonso I compreendeu que seu poder seria 
                                      destruído se não conseguisse 
                                      comerciar diretamente com os europeus, escreveu 
                                      várias vezes pedindo para comprar 
                                      navios para esse fim, queria autonomia, 
                                      claro que Portugal, não deu ouvidos. 
                                      Tentou controlar e disciplinar o comércio 
                                      negreiro encontrou a oposição 
                                      dos portugueses, que apesar das ordens do 
                                      manikongo continuam comerciando com os chefes 
                                      de províncias.  Afonso 
                                      lamentava ao rei português a indisciplina 
                                      que se estabeleceu por causa comércio 
                                      descontrolado no seu reino. Não adiantava. 
                                      Anos após a morte de Afonso, Portugal 
                                      deu um golpe mortal, fundaram uma cidade 
                                      em frente à ilha de Luanda. Depois 
                                      os portugueses realizaram uma penetração 
                                      quase colonial no reino e foram expandindo 
                                      e organizavam expedições para 
                                      aprisionar homens.  Foi o 
                                      ataque holandês em l64l a Luanda que 
                                      permitiu ao manikongo reinante a possibilidade 
                                      de aliar-se a outra potência européia 
                                      e tentar expulsar os portugueses do Kongo. 
                                      Entretanto em l648 chegaram tropas do Brasil 
                                      e os portugueses conseguiram vencer os Kongos 
                                      tiveram que aceitar uma subordinação 
                                      ainda maior a Portugal.Foi Antônio, 
                                      manikongo empossado em 1662, que fez a última 
                                      e desesperada tentativa de expulsar os portugueses. 
                                      Sem distinção aceitou todos 
                                      que quisessem lutar contra Portugal. Foi 
                                      derrotado e decapitado e sua cabeça 
                                      foi levada como troféu para Luanda. 
                                      Após a derrota o Kongo foi dividido 
                                      em três reinos e mergulhou na desordem.O 
                                      Reino do Kongo foi incorporado oficialmente 
                                      às possessões coloniais portuguesas 
                                      em l883. Durante as décadas seguintes, 
                                      a região foi sacudida por vários 
                                      movimentos libertários africanos 
                                      que terminaram triunfando, nos quadro da 
                                      vitória do Movimento Popular pela 
                                      Libertação de Angola (MPLA), 
                                      que resultou na definitiva expulsão 
                                      dos portugueses de Angola.     |